Em meio a medidas de flexibilização nas atividades econômicas, volta às aulas presenciais e vacinação avançando a passos lentos, dezessete estados retomaram a registrar aumento na ocupação dos leitos de terapia intensiva para Covid-19.
Sete estados seguem em situação crítica, com uma ocupação acima de 90% dos leitos: Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Ceará, Santa Catarina, Piauí e Sergipe. Entre as capitais, nove têm ocupação acima de 90%.

Apesar dos índices alarmantes, ainda não há um movimento nos estados para ampliar restrições e conter a curva da disseminação do vírus. Pelo contrário: parte dos governadores ampliou a flexibilização argumentando que há estabilidade nos índices de contágio e de ocupação de leitos.
Foi o que ocorreu em Santa Catarina, estado que registrava 93% das 1.077 vagas ocupadas, além de outras 43 pessoas na fila, nesta segunda-feira (17).
O governador Carlos Moisés (PSL) emitiu nesta segunda (17) um novo decreto que flexibilizou regras, aumentando a faixa de horário de funcionamento em setores do comércio e de serviços, dependendo do enquadramento da região do estado no mapa de risco da pandemia.
O Estado do Ceará, cuja taxa de ocupação de leitos de UTI oscilou de 92% para 93%, seguiu na mesma direção. Mesmo com índices em patamar bastante elevado, o governador Camilo Santana (PT) ampliou a retomada das atividades em Fortaleza e em cidades da região norte do estado.
“A taxa de transmissão, que é quanto cada indivíduo é capaz de transmitir o vírus, já está se mantendo estável”, afirmou o secretário de Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins.
No Piauí, o cenário é o semelhante. O estado notifica uma ocupação de 91% dos leitos de UTI para Covid-19. Ainda assim, o governador Wellington Dias (PT) emitiu neste domingo (16) um novo decreto com a flexibilização de atividades.
As principais mudanças foram a ampliação dos horários de funcionamento de shopping centers, bares e restaurantes. De acordo com o governo do estado, as medidas do novo decreto “são baseadas na constatação de estabilidade na demanda por leitos clínicos e de terapia intensiva”.
Outro estado em situação crítica, o Rio Grande do Norte, alcançou uma taxa de ocupação de 95% das UTIs. Um decreto publicado em 12 de maio manteve o toque de recolher das 22h às 5h, mas flexibilizou atividades escolares e liberou eventos corporativos.
Em situação crítica, Pernambuco e Paraná estão entre os estados que foram na contramão dos demais e intensificaram medidas restritivas, pelo menos nas regiões do estado com maior índice de contágio.
Em Pernambuco, são 1.621 doentes graves internados em UTIs na rede pública estadual e uma ocupação de 97% dos leitos. É o maior número desde o início da pandemia.
No interior, o quadro é ainda pior. Nesta terça-feira (18), passaram a vigorar novas medidas restritivas no Agreste pernambucano. As atividades econômicas só podem funcionar das 5h até as 18h. Nos próximos dois fins de semana, o comércio ficará restrito a atividades essenciais.
“Abrimos 178 leitos de terapia intensiva em sete diferentes unidades de saúde nos municípios de Caruaru, Garanhuns, Bezerros e Gravatá. Infelizmente, desde domingo passado, temos apenas um leito livre”, afirmou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).
No Agreste pernambucano, os percentuais de novos casos e de solicitações de UTI estão em patamares quatro vezes maiores do que no restante do estado.
No Paraná, o governador Ratinho Jr. (PSD) editou nesta segunda-feira (17) um decreto aumentando as restrições, que estavam mais leves desde 30 de abril. O funcionamento de atividades não essenciais aos domingos foi proibido e o toque de recolher foi adiantando em uma hora, passando a ser das 22h às 5h.
O estado possui uma ocupação de 95% das vagas para pacientes graves, e em 38 hospitais todos os leitos para Covid-19 estão ocupados. A fila por UTIs mais do que duplicou em 15 dias, passando de 140 para 361 pacientes. Via Folha de Pernambuco