Nesta terça-feira (16), em reunião por videoconferência para a discussão das medidas incluídas no pacote do lockdown, o prefeito de Araripina, Raimundo Pimentel (PSL), demonstrou insatisfação em relação à vacinação contra a Covid-19 diante do governador Paulo Câmara.
Ele demonstrou o descontentamento silencioso dos prefeitos de municípios que não conseguem atender a demanda da imunização contra o coronavírus.

Segundo Pimentel, há uma desconfiança de privilégios na distribuição das cotas da vacina ao prefeito do Recife, João Campos (PSB). Enquanto na capital pernambucana, o calendário da vacinação já entrou na faixa etária dos 70 anos, nos grotões não se cumpriu sequer a primeira dose dos que estão no grupo dos acima de 80 anos. A vacina é comprada pelo Governo Federal, mas o papel da distribuição em cima de critérios cabe ao Governo Estadual.
O critério, conforme chegou ao conhecimento dos prefeitos, se deu baseado no programa da campanha da vacina do idoso contra gripe, pneumonia pneumocócica, tétano, difteria, hepatite, febre amarela, tríplice viral, herpes zóster e meningite meningocócica. Isso, proporcionalmente à densidade demográfica. No entanto, não é o que afirmam os prefeitos que não conseguem prosseguir com a vacina contra a Covid-19.
“Enquanto todos os outros municípios de Pernambuco estão recebendo vacinas para imunizar a população com 80 anos ou mais, o Recife já anunciou a vacinação de idosos com 70 anos. Quero saber o porquê disso. Não é justo”, disse o prefeito de Araripina, a Capital do gesso e o maior centro urbano e econômico do Sertão do Araripe.
Segundo o Blog do Magno Martins, a cobrança ríspida de Pimentel não soou bem aos ouvidos do governador nem tampouco do secretário de Saúde, André Longo.
Apesar de se encontrarem em um ambiente em que as autoridades não estavam presentes frente a frente, mas online, o clima esquentou causando desconforto.
Ainda de acordo com o Blog Magno Martins, o que se comenta nos bastidores políticos é que o governador cedeu uma maior cota ao prefeito João Campos por ele ser aliado e criar o discurso, como ele já ensaia, de que Recife é a capital do Nordeste mais avançada na imunização contra a Covid-19.
Pimentel não foi o primeiro nem será o único a exigir tratamento igualitário ao Governo do Estado. No início da campanha de vacinação, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), questionou ao Estado quanto ao número de vacinas repassadas ao município quando comparadas com o Recife e chegou a ameaçar dar queixa formal ao Ministério Público e ao Ministério da Saúde.
O assunto, entretanto, se findou até os prefeitos lerem que João Campos havia avançado bastante no calendário da vacinação e que Recife havia virado referência nacional.
“Nem o governador nem tampouco o secretário de Saúde explica esse tratamento, que é desrespeitoso. A gente do Interior é igual a gente da capital”, disse Pimentel.